Introdução à Indústria 4.0

16 dez 20

Introdução à Indústria 4.0

As indústrias de vários setores da economia vêm sendo automatizadas gradualmente nas últimas décadas. No entanto, os recentes avanços de tecnologia da informação e da robótica já começam a transformar radicalmente o modo de produzir bens de consumo e até serviços.

O nome de Indústria 4.0 é utilizado para designar o novo conjunto de possibilidades trazidas por robôs e inteligências artificiais.

Essas tecnologias atingiram tamanho nível de sofisticação que não serão aplicadas apenas a tarefas operacionais, como soldar placas de aço: funções cada vez mais complexas serão assumidas por máquinas, incluindo o trabalho intelectual humano altamente capacitado, que há poucos anos parecia insubstituível.

É uma mudança radical, que promete simultaneamente acréscimo de bem-estar e eficiência, mas também a necessidade de adaptação rápida e eficaz – profissional e pessoal. Continue a leitura para se familiarizar com informações essenciais sobre essa nova fase industrial global.

Princípios e tecnologias da Indústria 4.0

O termo “Indústria 4.0” surgiu em 2012, de um projeto conduzido por Siegfried Dais e Henning Kagermann, dois eminentes físicos e administradores alemães. Naquele ano, eles apresentaram um relatório recomendando ao governo de seu país a implementação desse novo modelo de indústria.

Ele seria norteado pelos seis seguintes princípios:

1.Tempo real: Tomada de decisões assertivas, baseada na coleta e no tratamento de dados de forma instantânea

2. Virtualização: Rastrear e monitorar de forma remota processos de um fábrica. Para isso, seriam aplicados sensores às instalações fabris, criando uma cópia virtual das indústrias

 3. Descentralização: Colocar o poder de decisão nas máquinas, que deveriam ser autoajustáveis, avaliando as necessidades em tempo real e fornecendo informações sobre os ciclos de trabalho

4. Orientação e serviços: Orientar programas de computador a oferecer soluções como serviços, conectados com toda a indústria

5. Modularidade: Alcançar um patamar de flexibilidade grande nas fábricas, permitindo ajustar suas operações com a adição ou subtração de módulos operacionais.

6. Interoperabilidade: Comunicação entre máquinas e sistemas – também chamada de “internet das coisas”, atualmente.

Esses princípios podem ser perseguidos com mudanças administrativas e tecnológicas. Quando falamos de Indústria 4.0, na verdade estamos usando um outro nome para falar da Quarta Revolução Industrial.

Portanto, ajuda a entender o momento presente se familiarizar com as três revoluções anteriores:

1ª Revolução Industrial – Ocorreu em meados do século XVIII: Máquinas de vapor e ferrovias substituem a tração animal nos transportes e na geração de força. Avanços químicos permitem produções industriais inovadoras. É o começo do trabalho mecanizado industrial.

2ª Revolução Industrial – Na virada do século XIX para XX: O advento da energia elétrica e a linha de produção de Henry Ford revolucionam a escala de produção e as possibilidades de consumo.

3ª Revolução Industrial – Em fins do século XX: Avanços de informática e de telecomunicações geram tecnologias como o telefone celular, os computadores e a internet. Todos eles alteraram para sempre a vida doméstica e modernizaram o trabalho nos escritórios e nas fábricas.

Na Indústria 4.0, algumas das principais inovações adotadas para conseguir atingir o modelo de eficiência preconizado por Dais e Kagermann são:

  • Internet das Coisas – A conexão constante de máquinas permite gerar relatórios instantâneos de produção, melhorando a gestão
  • Big Data – É a coleta, armazenamento e o processamento de grandes volumes de dados
  • Inteligência ArtificialA reprodução de capacidades humanas por máquinas ensejará a tomada de decisões dos mecanismos de maneira mais rápida e sem interferência humana
  • Avanços na segurança da informação – A segurança no trabalho tende a se concentrar nas vulnerabilidades dos sistemas de informação e nos problemas de comunicação intermáquinas
  • Computação em nuvem – A transferência dos dados e da estrutura de empresas para servidores compartilhados e operando em conjunto potencializa a eficácia e reduz custos
  • Robôs colaborativos – Máquinas que cumprem tarefas repetitivas e interagem colaborativamente com profissionais humanos
  • Gêmeos digitais – Modelos virtuais e dinâmicos, que permitem simular situações, coletar dados e tornar as operações mais previsíveis, seguras e produtivas
  • Manufatura aditiva – Fabricação de um objeto a partir da adição de finas camadas, como numa impressora 3D, mas aplicado nos mais diversos setores, para criação de peças e produtos.
  • Biologia sintética – É a criação de partes ou organismos artificiais, a partir da junção de conhecimentos de biologia, química, ciência da computação e engenharia
  • Sistemas ciber-físicos – Responsáveis por integrar máquinas e sistemas nas indústrias 4.0. Permitem manutenção preditiva e a interação entre o mundo físico e o virtual.

Prós e contras da Indústria 4.0

Num processo de transformação tão amplo e inovador, é difícil e irresponsável fazer previsões com alguma pretensão de precisão. No entanto, a implementação da indústria 4.0 já permite antever alguns pontos positivos e negativos em relação aos atuais arranjos de produção e consumo.

Prós

    • Grande redução nos custos de produção
    • Flexibilização da produção levará a maior capacidade de adaptação às tendências de mercado
    • Consumidores terão maior acesso a produtos personalizados, de qualidade e a custos reduzidos.

    Contras

      • A transformação de paradigma exige planejamento rigoroso e grandes investimentos dos gestores
      • Maior sujeição das indústrias à espionagem industrial e a ataques virtuais
      • Concentração de poder nos detentores de conhecimentos técnicos
      • Mau uso da potente tecnologia de inteligência artificial – crimes, guerras, difusão de notícias falsas, por exemplo
      • Demissão de profissionais sem perfil de pensamento estratégico ou conhecimento técnico altamente especializado

      Perspectivas brasileiras

      O Brasil começou a estabelecer planos em nível nacional para impulsionar a modernização fabril desde 2017. Naquele ano, governo, indústrias e associações uniram-se no Grupo de Trabalho para a Indústria 4.0 (GTI 4.0).

      A Agenda Brasileira para a Indústria 4.0 foi lançada pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).

      As premissas da Agenda podem ser conferidas no site da iniciativa. Sua implementação deverá se estruturar por oito etapas principais:

      1.Sensibilização: O processo de conscientizar empresários sobre a necessidade da modernização

      2. Avaliação e oportunidades de negócios: Oferecer ferramentas para empresários avaliarem necessidades e estratégias para executar a transformação digital

      3. Fábricas do futuro: Ambientes de testes de soluções inovadoras à disposição de empresas interessadas

      4. Conexão startups-indústrias: Investir em empresas nascentes para que criem soluções para indústrias brasileiras. O processo também gera mudanças culturais empresariais

      5. Financiamento: Linhas de créditos dedicadas à modernização de plantas produtivas, máquinas e sistemas

      6. Mercado de trabalho: Previsão de formação inicial de 1,5 mil professores de educação profissional e tecnológica em indústria 4.0, e capacitação de 10 mil alunos

      7. Comércio internacional: Incluir o tema da Indústria 4.0 nos acordos comerciais brasileiras, visando a eliminar impostos para bens de capital inovadores

      8. Revisão de normas: Atualizar normas para permitir avanços técnicos e evitar inseguranças jurídicas no mundo digital.

      O avanço brasileiro na modernização industrial poderia trazer ganhos importantes numa histórica deficiência de nossa economia: a produtividade. Essa lacuna torna o país pouco competitivo, como atestam o relatório de competitividade entre nações do Fórum Econômico Mundial de 2019 e do Índice Global de Competitividade da Manufatura.

      Nesse contexto, a ABDI calcula que a modernização da indústria brasileira renderia uma redução de custos de R$73 bilhões ao ano, no mínimo – grande parte proveniente dos ganhos de eficiência.

      Algumas das medidas da Agenda Brasileira para a Indústria 4.0 estão sendo adotadas e um Centro para a Quarta Revolução Industrial (C4IR Brasil) foi pactuado durante o encontro do Fórum Econômico Mundial de 2020.

      Conclusão

      A Indústria 4.0 é um assunto bastante complexo, rico em controvérsias e em promessas impressionantes. Se sua curiosidade foi atiçada com o que você acabou de ler, não deixe de conferir nosso guia completo sobre o tema no blog da FIA.

      Além disso, não deixe de compartilhar o artigo se ele lhe foi útil! Deixe suas dúvidas e sugestões no espaço de comentários.


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