Qual seria o valor de um tomador de decisões capaz de fazer escolhas assertivas com base na própria intuição? Alto, no atual ritmo em que os negócios são feitos – que é rápido.
O “feeling” é essa intuição. Literalmente, significa sentimento ou sensação. No contexto da tomada de decisões, é uma impressão baseada na vivência pessoal sobre o caminho a ser tomado rumo a um certo objetivo.
Nessa primeira delimitação já fica claro que se trata de algo baseado em experiência, e não uma “cutucada” sobrenatural ou uma adivinhação soprada no vento.
Esse tipo de habilidade, que combina emocional e racional, pode beneficiar lideranças e empregados a tomar decisões, conforme argumentamos neste artigo.
A improvável eficácia da intuição
Empresas e organizações tendem a racionalizar recursos e processos para prosperar. Essa busca pela eficácia move qualquer organização consequente, mas pode não ser bem-aplicada.
Muitas vezes, a implantação de uma lógica percebida como proveitosa pode levar à imposição e cobrança de metas irreais aos empregados, por exemplo. Ou então a busca inflexível pelo cumprimento de uma lógica empresarial pode impactar negativamente nos resultados entregues ao cliente.
Seja na correta formulação de diretrizes ou no cumprimento delas numa organização, a intuição pode ser de grande ajuda. Essa habilidade pode estar ligada tanto às posições de liderança quanto às relações interpessoais, que impactam diretamente no clima organizacional.
A intuição vem da vivência profissional, pessoal e está relacionada à empatia. Ao tratar com colegas, clientes ou investidores em potencial, pode ajudar a criar expectativas realistas antes das interações e analisar o nível de conforto do interlocutor com o que se expõe, por exemplo.
É curioso que essa competência subjetiva possa ser útil numa organização. Apesar de combinar estado emocional, experiências passadas, paixão e crenças, o “feeling” pode ser desenvolvido para gerar resultados positivos.
Como desenvolver a intuição?
Quem deseja se beneficiar de “feelings” profissionais pode se empenhar em construir os cinco pilares de sustentação abaixo para essa competência.
Inteligência emocional
Agir intuitivamente é diferente de agir por impulso. As atitudes impulsivas são nossas respostas individuais às emoções.
As emoções são reações espontâneas a estímulos externos, mas nossas reações às emoções não precisam ser. De fato, quanto melhor conseguirmos controlar os impulsos que vêm em momentos de grande emoção, maior é a chance de obtermos resultados construtivos.
Esse tipo de resposta é a inteligência emocional. Se desenvolvida, ela pode separar as atitudes impensadas e transitórias da intuição – que permanece e leva a bons frutos.
Reforçar a autoconfiança
A intuição se manifesta como uma voz interna. Todos pensamos como uma “voz” mental, mas nem todos ouvimos e damos crédito a essa voz.
Reconhecer os próprios pontos fortes e passar a escutar essa voz interna são exercícios de sensibilidade e de respeito próprio para aumentar autoconfiança.
Com autoconfiança, passamos a nos escutar – e a levar a sério as intuições.
Conhecer seu mercado
Claro que o “feeling” é uma percepção subjetiva. Mas essa percepção é alimentada por informações e observações que captamos diariamente.
Por isso, estudar de maneira constante o segmento de atuação de seu negócio é fundamental para “calibrar” essas percepções.
Treinar a mente
Nosso cérebro é dividido em dois hemisférios. Embora eles atuem em conjunto, cada um se associa ligeiramente mais a um tipo diferente de pensamento.
O lado esquerdo está mais ligado à atenção focada e cuidadosa e ao pensamento sequencial e lógico, enquanto o direito está mais associado à observação difusa do ambiente, à relação interpessoal e ao processamento de emoções.
A intuição está ligada à observação e ao pensamento difuso, que é estimulado por atividades criativas, desenvolvidas de maneira relaxada. Atividades como criação artística, prática esportiva, meditação ou sono estimulam o pensamento difuso, quando utilizadas como recompensa para trabalho focado.
Valorizar as lições
O que você faria hoje se não tivesse medo? O medo pode ser um aliado valioso para evitar riscos desnecessários, como aqueles contra a vida. Porém, assumir riscos calculados é fundamental.
Ter medo de falhar numa tentativa é, em si, um grande erro. Os erros podem trazem lições extremamente importantes sobre como fazer as coisas. Do ponto de vista da intuição, é nas tentativas que se obtêm memórias úteis para o repertório individual.
Como o Big Data pode influenciar no feeling
A tomada complexa de decisões é uma das principais competências valorizadas por empregadores hoje. Nesse contexto, aliar intuição à análise massiva de dados captados por celulares e computadores pessoais é um trunfo certeiro no mundo profissional.
Big data são os grandes volumes de dados captados e processados ao segundo sobre pessoas, marcas e hábitos em redes sociais e computadores em geral.
Dados analisados sobre um público consumidor ou sobre a reação a um produto podem ser um excelente ponto de partida para desenvolver novas ideias com o auxílio da intuição.
A realidade econômica atual impõe a automação de tarefas operacionais e analíticas. Aprender recursos técnicos, como aqueles ligados a big data, é fundamental. Mas tão importante quanto é aprender a utilizá-los de forma criativa e intuitiva para obter resultados.
Exemplos aplicados do feeling em empresas
Entendemos que a intuição pode ser determinante numa tomada de decisões difícil. Uma delas pode ser prospectar um mercado inóspito. Os dois casos a seguir são exemplos de decisões baseadas em intuição que levaram a sucessos em duas empresas muito diversas.
Cacau Show
No Brasil, o empresário Alexandre Costa, à frente da empresa Cacau Show, tem uma história interessante sobre intuição para gestão de negócios.
Em 1987, Costa tinha 17 anos e conseguiu uma encomenda de 2 mil ovos de Páscoa de 50 gramas. Como o fornecedor não produzia ovos desse tamanho, Costa buscou o apoio de Cleusa Trentin para fornecer-lhe ovos de chocolate caseiros.
Depois de três dias trabalho fabricando chocolates, as vendas renderam um lucro de R$500 para ambos. Mais do que o dinheiro, o Costa aprendeu que havia um mercado inexplorado na área de chocolates artesanais.
Esse “feeling” inicial foi o que o moveu a empreender com um negócio diferente e lucrativo, que hoje é conhecido tanto pela fabricação dos chocolates quanto pelo modelo de franquia de lojas.
O uso criativo (e imprevisível) de tecnologias e conhecimentos para chegar num modelo de negócio flexível e inovador é um desafio central de startups.
O Facebook nasceu em 2004 como um serviço de Mark Zuckerberg para promover interação somente entre alunos da Universidade de Harvard.
A ferramenta nasceu como Facemash, uma espécie de Tinder, onde se filtrava usuários por fotos para se relacionar. Com a chegada dos associados Chris Hughes, Eduardo Saverin e Dustin Moskovitz, a plataforma acabou permitindo a montagem de perfis mais completos e mudando de nome para TheFacebook.com.
Em 2005, o serviço foi ampliado para campi estudantis de todo o mundo. Em seguida, uma escolha intuitiva determinante de Mark Zuckerberg foi abrir o uso da rede social já em 2006.
A decisão não apenas fez o público crescer de um milhão para 12 milhões de usuários do início de 2005 para 2006: redefiniu o conceito e a importância do que chamamos hoje de redes sociais.
Conclusão
Neste breve artigo, argumentamos sobre alguns aspectos da intuição para profissionais, especialmente sobre a importância dela e maneiras de desenvolvê-la.
O “feeling” não substitui a racionalidade, mas nem sempre tem sua importância reconhecida. Caso tenha achado esse conteúdo interessante, não deixe de compartilhá-lo com amigos.
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