Ser um consultor interno: é disso que se trata um business partner. Literalmente, significa “parceiro de negócios”. Esse tipo de profissional é cada vez mais buscado pelas empresas, pois faz mediação das áreas de Recursos Humanos e Negócios.
Essa é a prova de que o ganho de precisão na comunicação desses campos corporativos é real – reverte em resultados.
Este artigo detalha as origens da posição de consultor interno, os principais desafios relacionados à função e outros aspectos relevantes do ofício.
A função em detalhes
De tempos em tempos, grandes debates acontecem a respeito da organização de empresas. Nos anos 80, um deles foi proposto pelo especialista em gestão de pessoas Dave Ulrich, com o livro Os campeões de Recursos Humanos.
Nessa obra, Ulrich explora o tema da separação existente entre as áreas de Recursos Humanos e Negócios, que são vitais para o sucesso de qualquer organização.
Um agente capaz de entender as especificidades desses “mundos” à parte e comunicar às respectivas lideranças modos eficazes de agir – essa seria a função do business partner nesse contexto.
O resultado de um trabalho bem-feito de consultoria interna pode ser observado quando gestores de Negócios e de Recursos Humanos conseguem contribuir e promover políticas de valorização do capital humano na organização.
Algumas das atribuições dessa função são:
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- Ser responsável por ações de gestão de pessoas
- Coletar e comparar dados empíricos sobre a organização, úteis para planejamento
- Fornecer a gestores e líderes dados e análises relacionados a suas tomadas de decisão
- Auxiliar a definir metas
- Auxiliar gestores a avaliar e a desenvolver programas de melhoria contínua e performance
- Elaborar relatórios com ajuda de KPIs, indicadores de desempenho e outras ferramentas analíticas
- Identificar necessidades de capacitação, e ajudar a promovê-la
- Oferecer suporte a lideranças para implantar novos projetos, especialmente de seleção e gestão de equipes.
Por que é desafiador ser consultor interno?
O consultor interno é um profissional que deve reunir dados, informações e relatórios às lideranças de Recursos Humanos e Negócios para que elas possam fazer decisões bem-informadas.
Para aferir e elaborar esse tipo de consultoria, é necessário conhecer a lógica interna dessas áreas tão diversas. Além disso, deve se relacionar tanto com lideranças quanto com os colaboradores que integram os respectivos times.
Dave Ulrich descreve cinco desafios que permeiam as tarefas de todos consultores internos, e que marcam a trajetória desse tipo de profissional:
1. Realizar
Não basta elaborar e sugerir um plano – é necessário gerar resultados a partir do que foi estabelecido. Significa que a proatividade é fundamental também para desenvolver e avaliar os resultados obtidos a partir do planejamento.
2. Satisfazer
Uma coisa é atingir bons resultados; outra, satisfazer as pessoas com eles. Por isso, um dos desafios do business partner é adequar políticas de uma empresa às expectativas do público interno – empregados e investidores – e do externo – consumidores.
3. Planejar
O business partner deve participar ou direcionar o planejamento de ações junto a lideranças. A visão generalista desse profissional pode iluminar aspectos duvidosos na elaboração de planos ou políticas de uma empresa.
4. Prevenir
Ao desenvolver uma visão ampla, o consultor interno torna-se mais capaz de prever riscos e consequências da tomada de ações numa organização. Portanto, consegue diminuir de antemão efeitos negativos.
5. Capacitar
Reunindo conhecimentos plurais e capacidade de comunicação, o consultor interno tem posição privilegiada para exercer um bom preparo de líderes e equipes, bem como orientar sobre boas práticas de trabalho.
Como se tornar um business partner?
Em grande parte dos casos, o consultor interno começa atuando numa subárea de Recursos Humanos, e depois passa a assumir um perfil generalista no campo da gestão de pessoas – que é a essência do negócio.
Do ponto de vista da formação estrutural, alguém interessado em fazer consultoria pode começar cursando Administração para se inteirar com processos básicos de Recursos Humanos e gestão.
Nesse cenário, o conhecimento específico da área de RH pode ser obtido posteriormente com uma especialização. Outra possibilidade seria começar pelo caminho inverso, com uma graduação e inserção profissional já no ramo dos Recursos Humanos, avançando posteriormente para gestão e negócios.
No começo da vida profissional, é natural que o aspirante atue na área de recrutamento, remuneração ou treinamento e desenvolvimento, dentro dos Recursos Humanos. No entanto, alguém com formação em Administração terá a visão generalista dos processos do setor para alçar voos na direção da consultoria.
Do ponto de vista do Negócio, também é necessário buscar informações específicas. Com efeito, estudos de gestão empresarial, finanças, vendas, marketing e comunicação são complementos fundamentais para encaminhar-se para o objetivo sobre o qual estamos discorrendo.
Formação específica
Para além da trajetória exemplificada acima, também é possível trilhar um caminho mais direcionado – um curso específico para a capacitação de consultores internos.
A extensão para business partner oferecida pela Fundação Instituto de Administração (FIA) reúne diversos temas essenciais para quem busca esse tipo de instrução específica, como:
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- Habilidades técnicas e comportamentais
- Métodos fundamentais para as práticas de consultoria
- Processos de gestão estratégica de RH conduzidos pelos consultores
- Modelo organizacional de RH que permite a ação de business partners.
O salário de consultores internos
A posição de um consultor interno oferece muitos atrativos do ponto de vista da capacidade profissional. É uma empreitada desafiadora, que requer percepção aguda sobre muitas áreas, processos e assuntos.
Por outro lado, é claro que o estímulo financeiro também exerce atração – funções complexas tendem a corresponder a pagamentos mais elevados.
Não é simples estimar um valor médio de remuneração para business partners, pois trabalhadores de diferentes níveis hierárquicos podem desempenhar essa função.
As estimativas existem, mas pintam um quadro bastante heterogêneo. A pesquisa da Revista VOCÊ RH em parceria com a Deloitte, feita em 2015, estimou a faixa de salários para a posição entre R$5.800 e R$13.600.
Conclusão
A busca pela eficiência está no coração de todas empresas, e organizações de maneira geral. O enxugamento de tarefas e processos repetitivos e desnecessários é a chave para atingir esse objetivo.
O caminho para esse enxugamento é o planejamento, que, por sua vez, depende de um diálogo abrangente e do entendimento das dinâmicas da organização. Nessa complexa máquina é que se encaixa a consultoria interna.
Portanto, o posto de business partner é tão essencial quanto é desafiador. Não é nada mal colaborar para uma efetiva gestão estratégica de pessoas e para oferecer resultados mais satisfatórios para clientes e empregados, não é mesmo?
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